Mostra Dokumenta celebra cinema brasileiro de quinta a sábado no Sesi

A 2ª edição da Mostra Dokumenta vai celebrar o cinema brasileiro: desta quinta (19/09) até sábado (21/09) serão exibidos 9 filmes no Centro Cultural Sesi, em Londrina, sempre com entrada franca. Entre os destaques da programação estão clássicos como Bang Bang, de Andrea Tonacci (1944-2016); Iracema – Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna; e Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho (1933-2014). Os filmes serão apresentados e comentados pelo crítico de cinema, músico e montador João VÍtor Moreno. A Dokumenta é uma realização da produtora Kinopus com apoio do Sesi Cultura Paraná. A curadoria da Mostra foi realizada pelos cineastas Guilherme Peraro e Rodrigo Grota a partir do acervo do recém-inaugurado NPD – Núcleo de Produção Digital, uma parceria entre o Sesi Londrina, a Prefeitura de Londrina e o Governo Federal. Confira abaixo a programação completa da 2ª Dokumenta:

Dia 1_ Quinta, 19/09/2019
19h
Blablablá (1968, 26 min), de Andrea Tonacci
Com Paulo Gracindo, Irma Alvarez e Nelson Xavier
O sentido do poder e da palavra em crise situam o homem que os manipula numa idêntica crise pessoal, humana. A farsa do discurso de intenção humanista é total e absoluta. Um ditador num momento de uma grave crise nacional, institucional, confrontando na cidade e no campo por revoltas e guerrilha, na busca de uma paz ilusória, faz um longo pronunciamento pela televisão. Mas a realidade impõe-se à sua ficção e o controle da situação escapa-lhe das mãos. Sobra-lhe uma patética confissão antes de ser tirado do ar. Segundo curta-metragem do realizador brasileiro de origem italiana Andrea Tonacci (1944-2016). Prêmios: Melhor filme pela OCIC – Office Catholique Internacional du Cinema; Prêmio Especial do Júri de Melhor ator para Paulo Gracindo no Festival de Belo Horizonte, 1968, MG; Melhor curta-metragem e Margarida de Prata da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Festival de Brasília, 4, 1968, Brasília, DF.

Bang Bang (1971, 85 min), de Andrea Tonacci
Com Paulo Cesar Pereio e Jura Otero
O ator de um filme em realização vive sem distinção a sua realidade pessoal e a ficção de seu personagem. Busca um sentido e uma saída daquela situação enquanto é perseguido por bandidos, um mágico, uma fantasia amorosa, um bêbado, sua autoimagem… A comicidade, os motivos da perseguição, as situações, os personagens, a cenografia, os diálogos e a trilha sonora, que utiliza temas conhecidos de outros filmes, remetem a símbolos, metáforas e a recusa da possível lógica narrativa, permitindo ao espectador uma sensação análoga à do personagem central. Uma viagem bem-humorada e visualmente moderna. Lançado em São Paulo a 15/06/1971 e no Rio de Janeiro a 10/09/1971, o filme foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.

Dia 2 _ Sexta, 20/09/2019
15h
Cinema e Poesia
O Poeta do Castelo (1959, 10 min), de Joaquim Pedro de Andrade
Com Manuel Bandeira
Versos de “Poema do beco”, “Belo Belo”, “Testamento” e “Vou-me Embora pra Pasárgada” de Manuel Bandeira, lidos pelo próprio poeta, acompanham e transfiguram os gestos banais de sua rotina em seu pequeno apartamento no centro do Rio; a modéstia do seu lar, a solidão, o encontro provocado por um telefonema, o passeio matinal pelas ruas de seu bairro.

Soneto do Desmantelo Blue (1993, 8 min), de Cláudio Assis
Vida e obra do poeta pernambucano Carlos Pena Filho.

Caramujo-Flor
(1988, 21 min), de Joel Pizzini
Com Ney Matogrosso, Rubens Corrêa e Tetê Espíndola
Ficção ambientada no pantanal e outras localidades do MS, RS e SP tenta transpor para o cinema fragmentos do universo estético do poeta Manoel de Barros. Premiação: Colon de Ouro no Festival de de Huelva – Festival de Cine Ibero-Americano de Huelva, 1990, Espanha.

19h
Iracema, uma Transa Amazônica (1974, 90 min)
Com Paulo Cesar Pereio, Edna de Cássia (Iracema) e Conceição Senna
Em 1970, um motorista de caminhão, sulista, em Belém do Pará, durante as festas do Círio de Nazaré, conhece Iracema, uma jovem índia prostituída. Dá-lhe uma carona, deixando-a num lugarejo no meio da estrada. A viagem, como todo o filme, serve como pretexto para que sejam mostrados problemas da região – desmatamento, más condições de trabalho e saúde, venda de camponeses em confronto com a fantasiosa propaganda institucional. Premiações: Prêmio Georges Sadoul e Prêmio Louis Delluc no Festival de Paris, 1975, França;  Encomio Taormina no Festival de Taormina, 1975, Sicília, Itália; Melhor Filme; Melhor Montagem; Melhor Atriz para Edna de Cássia e Melhor Atriz Coadjuvante para Conceição Senna no Festival de Brasília, 1980, Brasília, DF; Prêmio Jeune Cinéma no Festival de Cannes, 1976, Cannes, França; Prêmio Grimme-Preiss no Festival de Berlim, 1975, Alemanha; e Melhor Filme pela ACCMG, 1978 – Associação dos Críticos Cinematográficos de Minas Gerais, MG.

Dia 3 _ Sábado, 21/09/2019
15h
O Homem e o Limite (1975, 30 min), de Ruy Santos
Com Mário Peixoto. Narração de Otávio Augusto
Documentário sobre Mário Peixoto e seu filme Limite (1931), considerado um clássico do cinema brasileiro, acompanhado de parte do comentário musical originalmente utilizado por Mário Peixoto. Filme dedicado à memória de Edgard Brazil, Brutus Pedreira e Plínio Sussekind da Rocha.

Onde a Terra Acaba (2001, 75 min), de Sergio Machado
Com Mário Peixoto, Olga Breno, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Solberg e Walter Salles
Uma homenagem ao filme que o diretor Mário Peixoto realizaria e nunca seria concluído. O roteiro foi estruturado a partir de uma montagem de trechos de diários, entrevistas e cartas do próprio Mário Peixoto, dando ao documentário um estilo autobiográfico. Além de centenas de fotos, entrevistas exclusivas com o diretor e trechos do filme original, o documentário apresenta preciosidades como um making of realizado pela própria equipe de Limite, fragmentos inéditos do único rolo de filme do inacabado Onde a terra acaba, depoimentos de cineastas e amigos que conviveram com Mário e momentos emocionantes como a visita da atriz Olga Breno ao set de filmagem de Limite. Premiações: Prix du Documentaire no Festival de Biarritz, França; Melhor Documentário na Mostra BR de Cinema, 2001, SP; Prêmio de público no Festival do Rio BR; Prêmio do júri na Mostra BR de Cinema, 2001, SP;  Hors concours no Festival É Tudo Verdade, SP;  Melhor documentário, Melhor som e Melhor montagem no Festival de Cinema do Recife, 2002, Recife, PE.

19h
Cabra Marcado para Morrer (1984, 119 min), de Eduardo Coutinho
Em 1962, o líder da liga Camponesa de Sapé (PB), João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem de latifundiários. Um filme sobre sua vida começa a ser rodado em 1964, com a reconstituição ficcional da ação política que levou ao assassinato, e com a produção do CPC da UNE e do Movimento de Cultura Popular de Pernambuco, e direção de Eduardo Coutinho. As filmagens com a participação de camponeses do Engenho Galiléia (PE) e da viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, são interrompidas pelo Golpe Militar em 1964. Dezessete anos depois, em 1981, Eduardo Coutinho retoma o projeto e procura Elizabeth Teixeira e outros participantes do filme interrompido, como o camponês João Virgílio, também atuante em ligas. O tema central passa a ser a história de cada um deles que, estimulados pela filmagem e revendo as imagens do passado, elaboram para a câmera os sentidos de suas experiências. João Virgílio conta a tortura e a prisão que sofreu neste período. Enquanto Elizabeth, que havia mudado de nome e vivia refugiada numa pequena cidade da Bahia com apenas um de seus dez filhos, emerge da clandestinidade e reassume sua identidade. Ela também fala de sua prisão e do reencontro com os filhos, antes dispersos por várias cidades do Brasil, e da tentativa de reconstituir suas vidas. Premiações: Prêmio Gaivota de Ouro no Festival Internacional de Cinema, 1984; Prêmio Tucano de Ouro no Festival Internacional de Filme e Vídeo, 1984, RJ; Melhor Documentário no Festival de Havana, 984, Cuba; Grande Prêmio no Festival de Tróia, 1985, Portugal; Prêmio Especial do Júri no Festival de Salsa, Itália; Grande Prêmio no Festival de Cine Realidade, 1985, Paris, França; Prêmio no Festival Georges Pompidou, 1985, França; Prêmio do Júri Evangélico, Crítica Internacional, Associação Internacional dos Cinemas de Arte e Fórum de Cinema Jovem no Festival de Berlim, 1985, Berlim, Alemanha; Prêmio Air France, 1985; e Golfinho de Ouro do Cinema do Governo do Estado do Rio de Janeiro.